O CESP assume a herança e as tradições de luta e reivindicativas das associações de classe, nascidas no último quartel do século XIX, que evoluíram para sindicatos muito activos e combativos.
Protagonizando a luta pelos direitos dos trabalhadores do comércio e escritórios, então muito centrados: nos horários de trabalho e de encerramento e abertura, particularmente, na luta pelo encerramento ao domingo, descanso semanal, salários e reconhecimento da dignidade profissional, bem como, nos direitos sindicais e democráticos.
O regime fascista, implantado a partir de 1928, persegue e prende dirigentes sindicais, encerra os sindicatos e cria a organização corporativa fascista, nela integrando a criação de «sindicatos "nacionais" - corporativos - de profissão, para defender a conciliação de classes» - a submissão dos interesses dos trabalhadores aos do capital monopolista - dominante até ao 25 de Abril de 1974.
As forças democráticas e antifascistas, que são capazes de se organizar clandestinamente e resistir à ditadura e lutar pela liberdade, democracia e direitos dos trabalhadores e do Povo, depois dalguma hesitação, decidem passar a agir "onde estão os trabalhadores", então obrigados a filiar-se e a pagar quotas aos "sindicatos nacionais fascistas", em vez de construir sindicatos clandestinos, onde, só os trabalhadores mais conscientes e esclarecidos - uma minoria - se filiaria.
Desta orientação resulta que as mulheres e homens da oposição antifascista, passam a agir no interior dos "sindicatos nacionais" do regime, procurando influenciar as suas posições e alcançar a respectiva direcção.
O regime fascista mantinha um controlo apertado sobre os sindicatos, através do Ministério das Corporações e a polícia politica, além de vigiar as actividades, tinha de avalizar os candidatos aos corpos gerentes, para evitar que os oposicionistas fossem candidatos, demitia as direcções, sempre que dirigentes mais sérios passavam a ter um comportamento de defesa dos interesses, mesmo que limitados, dos trabalhadores.
Em 1969 trabalhadores sérios e anti fascistas, aproveitam a conjuntura, e na Assembleia Geral Eleitoral, fazem-se eleger e conquistam a direcção do Sindicato dos Caixeiros de Lisboa.
Em coordenação com outros sindicatos, também conquistados pelos trabalhadores dos respectivos sectores, fundam a Intersindical, em 1 de Outubro de 1970 e influenciam a conquista pelos trabalhadores dos Sindicatos "nacionais" dos Caixeiros e Escritórios de: Santarém, Leiria, Viana do Castelo e Évora.
Empreendem uma luta pelos direitos dos trabalhadores: negociação colectiva, salários e direitos, redução de horários de trabalho e descanso semanal - semana inglesa - e assumem a luta pela conquista da liberdade, democracia e o fim da guerra colonial.
O movimento ganha dimensão de massas, nas assembleias gerais e na manifestação de 15 de Março de 1971, em São Bento.
O MFA derruba o fascismo, em 25 de Abril de 1974, e instala a liberdade, a democracia e inicia a descolonização.
Os trabalhadores dão suporte a um processo revolucionário que potencia a conquista de uma panóplia de direitos, profundas transformações económicas, políticas, sociais e a reorganização sindical, que culmina na criação dos Sindicatos dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de: Aveiro, Angra do Heroísmo, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Horta, Leiria, Lisboa, Ponta Delgada, Porto, Portalegre, Santarém, Setúbal, Vila Real, Bragança, Viana do Castelo e Viseu e da FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindicatos dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal.
No início da década de oitenta do século passado, os retrocessos políticos, por um lado, as alterações da estrutura económica e empresarial e o surgimento de novos sectores, nomeadamente, a grande distribuição e os serviços, por outro, tiveram fortes repercussões económicas e sociais determinaram a necessidade de repensar a estrutura sindical, conduzindo a que fosse iniciado um processo de reorganização sindical.
Integram-se os Sindicatos Distritais de Setúbal, Beja, Évora e Faro, constituindo o CESSUL; de seguida dá-se a integração do Sindicatos Comércio com o dos Escritórios de Coimbra, constituindo o CESC; o Sindicato dos Barbeiros e Cabeleireiros integra-se no Sindicato do Comércio do Porto, constituindo-se o Sindicato do Comércio e Serviços do Porto; a lista vencedora nos Escritórios do Porto afecta à CGTP-IN, é impedida de tomar posse pela direcção da UGT, derrotada nas urnas pelos trabalhadores, em face de tal situação cria o SESN, para representar os profissionais de Escritório e, já nos anos 90, integram-se os Sindicatos do Comércio e Serviços do Porto, Viana do Castelo e SESN, constituindo o CESNORTE.
Na segunda metade da década de 90, é empreendido um dinâmico processo de integração, aberto e com a participação de todos os sindicatos, que tem por objectivo último, a constituição do CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal.
Em Março de 1998, integram-se CESL, CESSUL, CESC, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Guarda e Viseu. Em Junho de 2004, na sequência da experiência positiva de um processo de funcionamento conjunto, integra-se o CESNORTE.
O CESP, passa a desenvolver actividade em todo o território nacional, excepto, nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira.
O CESP estabelece um protocolo de cooperação com SITAM que representa os trabalhadores do Comércio e Serviços da Região Autónoma da Madeira e, recentemente, estabelece idêntico protocolo como o SIABA, que passa representar os trabalhadores do Comércio e Serviços na Região Autónoma dos Açores, sem prejuízo do Sindicato da Horta, que representa, ainda, no seu âmbito, com quem se mantêm, também, relações de amizade e cooperação.
O CESP assume os princípios e características democráticas, unitárias, independentes de massas e de classe, próprias das organizações da CGTP-IN de que se orgulha de ser fundador e filiado.
O CESP desenvolve a sua actividade na defesa e promoção dos interesses colectivos e individuais dos trabalhadores dos sectores do Comércio, Serviços e profissionais de Escritório.
O CESP que não tem filiação internacional, defende as relações e a cooperação com todas as organizações congéneres de outros Países, com base no interesse dos trabalhadores, e assume uma postura de participação e contribuição solidária, para a luta geral dos trabalhadores pelos seus direitos e melhoria das condições de vida e trabalho e pela construção de uma sociedade livre, democrática e solidária.
Lisboa, 9 de Outubro de 2006
A Direcção Nacional do CESP